A empatia e a busca por um diagnóstico
A busca por um diagnóstico é um processo extremamente desgastante para a grande maioria das famílias.
Envolve questões financeiras, já que a saúde pública costuma ser lenta, com recursos limitados, não oferecendo avaliações mais assertivas, levando, muitas vezes, os pais a utilizarem recursos próprios e arcarem com o gasto de consultas, exames e avaliações particulares.
Envolve questões psicológicas de tantos medos, expectativas, incertezas e angústias dos responsáveis por aquela criança.
Muitas vezes envolve questões familiares, de casais que não estão de acordo entre si nessa busca diagnóstica e até desgastes físicos mesmo, quando se trata de um autismo com limitações motoras mais significativas.
Enfim, são muitos obstáculos até chegarem ao consultório médico com todas as informações e exames necessários para fechamento desse diagnóstico, e posteriormente o início de um tratamento customizado, alinhado cientificamente com o transtorno do espectro autista.
Nesse momento, de dar-se um diagnóstico às famílias é necessário, pelo profissional da saúde, uma sensibilidade e um acolhimento àquelas famílias que receberão uma notícia, que mudarão suas vidas significativamente.
Infelizmente os relatos mais comuns são inversos ao que deveria ser feito.
Psiquiatras e Neurologistas renomados e referências médicas em diagnósticos assertivos, mas que não possuem empatia àquelas pessoas que estão ouvindo, pela primeira vez, que seu filho tem transtorno do espectro autista (TEA).
Um universo tão familiar para os profissionais mas tão novo para quem está ali carregando o filho, incertezas, dores, angústias e tantas perguntas.
Empatia e acolhimento deveriam andar juntos com os diagnósticos.
Cuidar dos pais é tão determinante para o sucesso, continuidade e qualidade no tratamento, quanto cuidar do filho.
Pais paralisados pela negação ou pelo luto de não terem seus sentimentos validados, acolhidos e cuidados tem sido cada dia mais comum.
Que a empatia seja uma realidade também nos consultórios médicos. Que a relação tão próxima com o Transtorno não tire dos médicos a sensibilidade de perceberem que para muitos é algo, até então, inexistente.
Que o acolhimento seja sempre parte importante da prescrição médica.
Michelle Carvalho, mãe do Enzo 💙
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.