A Importância do Brincar

A Importância do Brincar

  • Grupo Conduzir admin
  • 10 de fevereiro de 2023
  • Blog

O brincar é um direito da criança e é reconhecido como um instrumento que potencializa o processo de aprendizagem. Isto porque, quando há diversão durante a atividade, a aprendizagem ocorre de forma mais rápida, uma vez que a criança está motivada a permanecer e engajar por mais tempo na atividade e entrando em contato com mais oportunidades de aprendizado. Ao brincarem, não estão explorando somente o ambiente à sua volta como também estão ampliando e complexificando uma série de áreas de desenvolvimentos como o físico, o emocional (afetivo), o mental e o social.

Um estudo realizado por Bagarollo, Ribeiro e Panhoca (2013), aponta que a dificuldade no desempenho das brincadeiras para crianças com autismo, não se resume a causas biológicas, mas está também relacionada ao empobrecimento do repertório adquirido por meio do brincar, bem como à dificuldade de compartilhar e elaborar brincadeiras.

A brincadeira é uma experiência rica em estimulação sensorial, e pode estimular ao mesmo tempo diversos sentidos (tato, olfato, paladar, visão, audição, propriocepção e vestibular). Considerando que a maioria da população com TEA apresenta algumas alterações sensoriais, é importante considerar a quantidade de estímulos oferecidos no momento da inserção da criança nas brincadeiras que serão mediadas, para evitar uma sobrecarga de informações sensoriais que podem levar a uma desorganização e dificultar o processo de aprendizagem oferecido pela experiência do brincar. 

Nesse sentido, entende-se que a brincadeira livre é relevante para a aquisição de habilidades essenciais, entretanto, o brincar direcionado também assume uma importância nesse processo, já que o papel de mediador desempenhado pelo adulto deverá promover a apresentação de novos desafios e possibilidades, implicando no aumento dos repertórios da criança.

Mesmo que a criança com TEA apresente dificuldades que interfiram no modo de brincar, é possível ela se desenvolver brincando e compartilhando interesses e experiências com os pares. Cabe aos profissionais e adultos envolvidos no processo de desenvolvimento da criança traçar estratégias que permitam a exposição a situações que estimulem o desenvolvimento da cognição, comunicação, das habilidades motoras e sensoriais para cada criança. 

Além disso, a rigidez de comportamentos, comumente apresentada nas crianças diagnosticadas com TEA, pode ser trabalhada por meio da busca de novas estratégias que surgem durante a brincadeira, favorecendo o aprendizado da autorregulação, da flexibilização e da resiliência diante de situações que demandem a habilidade de adaptação.

Sabemos que a plasticidade do cérebro humano e sua capacidade de adaptação sugere que todos os indivíduos possuem a possibilidade de criar novas sinapses. Sendo assim deve-se explorar a brincadeira como oportunidade de aprender, considerando que elas também podem desenvolver essas habilidades, mesmo que através de mediação. 

Faz-se necessário que sejam traçadas estratégias individuais, que considerem as capacidades já desenvolvidas pela criança e foquem no aperfeiçoamento de habilidades com potencial de serem atingidas. Assim, é preciso estarmos atentos à forma como a brincadeira é conduzida, já que não se trata de uma simples ação comumente exercida por crianças, mas, sim, de uma fonte de desenvolvimento de potencialidades. 

 

NAVARRO, A.A. Estimulação Precoce, Inteligência emocional e cognitiva – de 0 a 6 anos. São Paulo: Grupo Cultural, 

PINHO, M. C. Contribuições do uso de atividades lúdicas em sala de aula, para o desenvolvimento e aprendizagem de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma intervenção no contexto escolar. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizagem e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.   

             Alanna Moura e Moura; Bruna Monyara Lima dos Santos; Anna Lúcia Sampaio Marchesini Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv. vol.21 no.1 São Paulo jan./jun. 2021.

 

Tatiana Barbosa Ferrari, Coordenadora do Setor ABA à Terapia Ocupacional.

 

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.