Autismo e Hiperlexia
A hiperlexia é uma comorbidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é considerada um transtorno de linguagem e comunicação.
Embora possuam padrões de comportamento muito parecidos aos apresentados nos casos de TEA, crianças hiperléxicas tendem a perder tais características à medida que desenvolvem suas habilidades de linguagem.
A criança hiperléxica costuma apresentar fascinação por letras e números, dificuldade para compreender a linguagem verbal e déficits de habilidades sociais, as quais estão relacionadas à dificuldade de comunicação.
A criança desenvolve precocemente habilidade de leitura, mas esta muitas vezes se dá de maneira mecânica, sem interpretação. Ela aprende apenas a decodificar as palavras a partir da identificação de letras.
A dificuldade em estabelecer a comunicação por parte das crianças hiperléxicas se dá pelo processamento da linguagem. Elas possuem uma excelente memória visual e auditiva, mas geralmente têm um vocabulário limitado, o que também inibe a comunicação. Não conseguem juntar palavras para se expressar ou entender o que os outros falam.
Pela grande facilidade na memorização visual ou auditiva, as crianças com hiperlexia aprendem a falar de maneira diferente, memorizando frases ou até mesmo conversas inteiras vistas na televisão ou em vídeos, por exemplo.
Muitas crianças hiperléxicas apresentam essas características entre os 2 e 3 anos de idade, o que acaba por levantar a suspeita de Autismo. No caso da hiperlexia, a dificuldade de socialização está ligada a déficits na comunicação.
A presença de hiperlexia em crianças com autismo é mais frequente do que em outros transtornos do desenvolvimento. Isso se dá devido às habilidades mais preservadas de memória visual, discriminação visual e interesse pelo material concreto e visual que os autistas apresentam. Ambos os quadros apresentam dificuldades no pensamento abstrato.
A intervenção em Fonoaudiologia para as crianças hiperléxicas, assim como nos casos de TEA, tem como objetivo promover a comunicação e o desenvolvimento da linguagem oral de forma a promover a socialização da criança com os seus pares.
Os pais e terapeutas devem, em ambos os casos, estimular a socialização com outras crianças, pois mesmo com a dificuldade de comunicação apresentada pela criança hiperléxica, esta interação auxilia o reconhecimento dos aspetos funcionais da comunicação oral.
Referências bibliográficas:
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