Autismo e o Treino de Toalete
A utilização do toalete é uma das habilidades, consideradas marco no desenvolvimento infantil, sendo um comportamento que promove à criança uma vida com maior autonomia e independência. A partir da importância desta habilidade muitas pesquisas realizadas ao logo do tempo priorizaram o desenvolvimento do treino de toalete para crianças com autismo e transtornos do desenvolvimento.
De acordo com Kroeger e Sorensen-Burnworth (2009), o déficit da habilidade de utilizar o toalete com autonomia se torna problemática a esses indivíduos e família, na medida em que podem limitar a socialização, além de exigirem muito mais cuidado dos adultos a longo prazo.
Os déficits nas habilidade que influenciam diretamente a qualidade de vida podem ocasionar em problemas como a higiene inadequada, desconforto físico, restrição de atividades diárias e irritação nos genitais.
Alguns pesquisadores tem indicado que o treino de toalete tem se mostrado mais eficaz para indivíduos cronologicamente mais jovens, no entanto os procedimentos de aprendizagem do comportamento operante de utilizar o toalete têm se mostrado eficaz com uma vasta população de crianças e adolescentes, ou seja, tal habilidade pode ser aprendida em qualquer faixa etária. Porém, segundo os estudos (Lohmann, Eyman, & Lask, 1967) o aprendizado é mais efeito quando feito por volta dos três anos.
Quais passos são importantes a serem considerados?
Para que o profissional e a família iniciem o treino de toalete com a criança, é importante considerar algumas habilidades que são pré-requisitos para garantir o desenvolvimento e a evolução do treino, como alguns exemplos abaixo:
- Habilidade da criança para anular a urina em grande quantidade;
- Habilidade de se sentar no banheiro;
- Ausências de condições médicas e contra-indicações;
Foxx e Azrin (1973) sugere outros conjuntos de habilidades que são necessários considerar e avaliar antes do início do treino como por exemplo, a capacidade de caminhar, ver e compreender.
Mas afinal, quais procedimentos são usados para o treino?
Uma vez avaliado pelo profissional que a criança apresenta os pré-requisitos citados acima para início do treino, serão explanados alguns procedimentos utilizados:
Coleta de dados e padrão de eliminação:
A família e equipe iniciam com a coleta de dados para realizar a linha de base da criança, onde são registrados de forma sistemática os horários (rotina da criança no banheiro), e o padrão de eliminação que o indivíduo apresenta, onde são verificados, registrados e/ou gravados os horários de eliminação da criança. Tal procedimento tem sido considerado uma das formas mais confiáveis e precisas para coleta de dados de linha de base.
Aprendizagem sem erro:
A aprendizagem sem erro é a fase no qual sucede a coleta de dados, garantindo que a resposta emitida pela criança seja bem sucedida e reforçada positivamente. Esta fase tem como objetivo a aquisição da habilidade e aumenta a probabilidade do engajamento no treino bem como a operação motivadora. Reduzindo resposta de fuga e esquiva (texto aprendizagem sem erro). Os profissionais deverão levar a criança a cada uma hora e meia para que não ocorra o escape e garantindo que o comportamento seja reforçado.
Assento programado e Hidratação:
O assento programado é aplicado aumentar a probabilidade da ocorrência da resposta a utilizar o banheiro. Desta forma o indivíduo se senta (ou colocados a frente, dependendo do sexo) e reforçado positivamente. Tal procedimento é programado em variados horários, onde a eliminação poderá ser mais provável de ocorrer, levando em consideração a linha de base da criança.
Ou também pode ser realizado em intervalos regulares (15-30 minutos) e não contingentes, visto que o comportamento de urinar ou evacuar ocorre e a criança é reforçada e liberada da área do banheiro. Este procedimento deverá ser associado com a hidratação, ou seja, os adultos deverão manter a criança hidratada, garantindo o consumo de líquidos tanto em grandes volumes como de alta preferência, em razão de aumentar a probabilidade da urina ocorrer.
Provendo níveis de dicas:
As dicas são usadas de forma hierarquica, realizando uma cadeia comportamental do passo a passo dos comportamentos necessários para o toalete. A dicas são usadas para evocar os comportamentos da cadeia e estipuladas a partir do nível necessário para cada comportamento. São considerados também o esvanecimento das dicas mais intrusivas as menos intrusivas.
Como exemplo, iniciar com a dica física parcial para abaixar a calça e esvanecer para a dica gestual. No entanto, é necessário tomar cuidado para que não seja feito o esvanecimento de dicas de forma abrupta, uma vez que pode ocasionar na regressão dos comportamentos.
Os níveis de dicas que são providos são o componente comportamental utilizado com maior frequência para o treino de toalete, diante disso, fica claro sua eficácia no sucesso do programa.
Reforço positivo:
Outro procedimento que deverá ser realizado é o reforço positivo, também citado nos protocolos dos treinos de toalete. Aumentando a probabilidade futura da resposta de utilizar o toalete ocorrer. Há a necessidade da criança ter como consequência um estímulos com função reforçadora (itens comestíveis ou atividade preferida) contingente ao utilizar o banheiro (urinar ou defecar).
Como sabemos se o treino de toalete foi bem sucedido?
Para que se possa considerar o treino de toalete bem sucedido, isto é, se a criança de fato aprendeu a utilizar o banheiro é importante analisar os registros realizados durante todo o processo (texto do registro) para alcançar dois objetivos que envolvem (1) a criança discriminar a sensação de eliminação e (2) a criança ter aprendido toda a cadeia de comportamentos que constitui a ida ao banheiro. Sendo estes o resultado final para uma aprendizagem bem sucedida e uma maior qualidade de vida para a criança e toda a família.
Referências Bibliográficas:
- Richardson D. (2016) .Toilet training for childern with autism. Revista nursing children an youn people. March 2016, Vol. 28, Nº 2.
- Kroeger K.A.;Sorensen-Burnworthr. (2009) Toilet training individuals with autism and other developmental disabilities: A critical review . Research in Autism Spectrum Disorders, 3.
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.