Em busca do sono perdido

Em busca do sono perdido

  • Grupo Conduzir admin
  • 18 de fevereiro de 2022
  • Blog

Há noites em que uma fila – tão grande quanto a idade de 100 monges caducos – aparece na Terra dos Sonhos para nunca mais voltar.

Esse local sagrado é o mais cobiçado pelas mentes carregadas desse mundo moderno. É só piscar que um distraído qualquer já está no final da fila. Que merda! Confesso que nunca desisti de esperar… Fechava os olhos, apertava o cinto de segurança e esperava o ônibus do sono ligar. Olhava as paisagens, a imaginação dando cores até mesmo ao concreto mais sem graça… Porém, hoje foi diferente: imaginação lá no negativo; as voltagens de ansiedade me fritando por dentro.

Uso sempre a estratégia de apressar o futuro, fazer uma fanfic que deixaria qualquer garotinha de 13 anos no chinelo. O tempo, ah! O maldito que nem mesmo o ser humano é capaz de dominar. Onde já se viu? No momento em que um sujeito que nunca perdeu uma partida de UNO encontra um adversário digno, ou melhor, superior o suficiente para estraçalhar seu ego com um peteleco, surge a frustração!

Com isso, o leão de orgulho ferido fica semanas sem dormir pensando naquele filho da p*** que tomou seu posto de rei. Centenas de revanches, nenhuma vitória… Então é isso, né? Como um vício, você não se importa de pensar naquele que roubou sua coroa pelo resto da vida. Não tem jeito. Desta vez, nem minha obsessão pelo tempo poderia segurar a explosão elétrica de ansiedade (a fonte de energia mais perigosa já criada pelo universo, ou por Deus, ou pelas outras milhares de opções de “força superior” no cardápio que chamam de existência).

E agora, José? Abri os olhos, desci daquele ônibus da tortura psicológica e fui em busca do cansaço. Pouco importava a obsessão com o passado, ou melhor, com as cagadas da minha detestável versão antissocial de merda (validade de 2013 a 2017). Minha versão atual é bem mais fácil de ignorar – dei muito duro para assinar esse pacote premium.

Ao procurar alguma solução para o meu problema de insônia, encontrei o motivo do meu sofrimento: não tomei o remédio da noite! Como pude deixar a jaula aberta para o monstro de dois corações fugir? Dois corações que ficam brigando pelo mesmo espaço – uma versão orgânica/ neurológica dos conflitos entre Palestina e Israel por aquilo que chamam de terra prometida.

Aprendi que esse monstro pode destruir minha dignidade e autoestima. Essa maldita crise de euforia é a escada para uma montanha-russa que sempre termina com uma colisão no muro da tragédia.

Sabe de uma coisa? Escrever este relato está me deixando cansado. Finalmente! Ei, ônibus! Espere por mim! Terra dos Sonhos, lá vou eu!

 

Matheus Cuelbas

 

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.