Como identificar o Autismo leve

Como identificar o Autismo leve

  • Grupo Conduzir admin
  • 4 de julho de 2017
  • Autismo

O autismo leve vem sendo discutido cada vez mais nas redes sociais, blogs, e outros espaços relacionados ou não à área da saúde. O fato é que ainda faltam muitas informações sobre o tema, gerando um enorme agravante: o diagnóstico tardio e/ou a falta de tratamento adequado.

Muitos pais de crianças que tem o diagnóstico de autismo leve relatam o que costumam ouvir à respeito de seus filhos: “Nossa mas ele é tão inteligente”, “Mas ele sabe se comunicar, tem certeza que ele é autista?” e por aí vai… Isso acontece pela tamanha falta de informação sobre as características do autismo e sobre a (falta de) noção de Espectro Autista. Por isso, é fundamental que a população saiba mais sobre autismo leve.

Imagine você que dentro da cor “verde” existem infinitas tonalidades não é mesmo? Podemos dizer que o conjunto dessas tonalidades seria o espectro da cor verde. Com o autismo, não seria diferente, existem inúmeras características que fazem parte do Espectro Autista. Sendo assim, se comunicar através da fala, compreender o que o outro diz e ser habilidoso academicamente não fazem com que uma criança seja ou não enquadrada dentro do espectro autista.

Mas então, como identificar o autismo leve?

Não existe receita de bolo a ser seguida, mas existem algumas características que a partir dos 3 a 5 anos ficam mais evidentes, pois as demandas sociais começam a se intensificar e os déficits em algumas áreas do desenvolvimento começam a se destacar. Para identificar o autismo leve mesmo antes dos 3 anos, é preciso ficar atento às características, principalmente nas áreas da linguagem social, interação (principalmente com os pares – crianças da mesma idade) e para alguns comportamentos em geral.

Linguagem

Embora a comunicação através da fala se desenvolva no autismo leve, esta muitas vezes aparece descontextualizada ou com ausência do uso de pronomes, adjetivos, advérbios ou mesmo um vocabulário aquém para a idade. Além disso, os denominados autistas leves tem dificuldade em usar de maneira adequada a fala para iniciar, responder e manter interação social. Nesses casos, manter um diálogo é uma tarefa que muitos tem dificuldade. Compreender a seguir instruções complexas, com mais de dois passos ou com o uso de termos abstratos também é um desafio.

Interação Social

De forma geral, as principais características dentro do pilar da interação social são os interesses por temas restritos, falta de repertório para temas de idade apropriada, o que dificulta a formação de vinculo com os pares.  Além disso, o déficit no repertório de brincadeira simbólica, de jogos de regra e cooperativos também podem dificultar na interação com pares e para fazer amizades.

Comportamentos Desafiadores

Os comportamentos chamados desafiadores também podem ocorrer sob forma de protestos em situações como quebra de rotina, mudanças no ambiente, interrupção de atividades da preferência da criança. Por conta do déficit no repertório verbal e social, algumas crianças possuem um padrão rígido de comportamento e tem muita resistência em aceitar algo novo, seja esta uma roupa de uma cor diferente, um alimento, ou até mesmo uma atividade, brincadeira proposta por um amigo ou pais.
Com o desenvolvimento e amadurecimento, grande parte dessas crianças começa a discriminar algumas de suas dificuldades e sem o devido tratamento, tal padrão rígido se intensifica e a resistência em tentar algo novo, ou aprender uma coisa nova também aumenta, já que a possibilidade de falhar está presente.

Confira o vídeo que fala sobre como identificar o Autismo leve em crianças

A Supervisora do Grupo Conduzir, Julia Sargi, explica no vídeo abaixo os principais pontos dessa discussão.

Qual o tratamento indicado?

A intervenção necessária nesses casos, é a terapia ABA com ênfase no desenvolvimento da linguagem, manejo comportamental e treino de habilidades sociais.

No Grupo Conduzir, cada criança tem seu currículo de intervenção pensado de acordo com suas habilidades que prevê o treino das áreas citadas acima em uma estrutura que propões a intervenção nos ambientes da casa, clínica, treino com pares, grupos de habilidades sociais, treino externo na comunidade que a criança vive para garantirmos que ela generalize todas as habilidades necessárias para sua inserção nessa comunidade, além de uma parceria consistente com a escola.

E a escola? Pode ajudar?

A escola tem papel fundamental no desenvolvimento da criança já que é um ambiente muito rico para o treino de inúmeras habilidades citadas ao longo da nossa discussão. Tais como: ensinar a criança a seguir e tolerar quebras de rotina, interação social com pares e com adultos, ensinar repertório de jogos e brincadeiras e entre outras. As habilidades acadêmicas também precisam da atenção dos educadores.
Embora muitas crianças demonstrem inicialmente um vasto domínio em algumas matérias específicas: algumas aprendem a reconhecer letras e números antes mesmos que seus colegas, ou aprendem a ler e escrever sozinhos, ou até mesmo apresentam um bom raciocínio matemático, os conceitos abstratos e interpretações de texto são um grande desafio para elas. Portanto, é preciso que os professores fiquem atentos para adaptar o material do seu aluno quando necessário.

Com o tratamento correto, o apoio da família e escola, crianças com diagnóstico de autismo leve podem vir a ser adultos independentes, com vínculos de amizade e totalmente inseridos na comunidade a qual pertencem. A informação e o diagnóstico precoce ainda é a melhor e mais eficaz alternativa para o desenvolvimento e geração de qualidade de vida para essas crianças e suas famílias.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.