Comportamento de Segurança
Ao interagir com o ambiente físico ou social, as crianças podem se deparar com diferentes ameaças à sua segurança e constantemente correm risco de se ferirem ou até de morrerem devido a acidentes, como quedas, afogamentos e choque elétrico, ou ainda podem ser raptadas ou sofrer abuso físico e sexual. Crianças autistas ou com outras deficiências de desenvolvimento têm duas ou três vezes mais risco de lesão ou abuso quando comparadas a crianças da mesma idade. Isso porque têm dificuldade em distinguir as situações seguras das inseguras, além de déficits na comunicação, o que dificulta que informem ou façam uma solicitação de ajuda a um adulto (Sirin & Tekin-Iftar, 2016).
Os pais podem amenizar as ameaças de várias formas, como guardar produtos de limpezas, venenos ou medicamentos em lugares seguros, manter cercas ao redor de lugares em que a criança possa se ferir (piscina, escadas), tirar do alcance objetos cortantes, exigir que seus filhos usem capacete ao andarem de bicicleta, manter os filhos próximos em lugares públicos, entre outros. Mas, por mais que os pais se esforcem para manter um ambiente seguro, ameaças à segurança continuarão a ocorrer. Por isso é necessário que as crianças aprendam habilidades de segurança (Miltenberger, 2008).
O ensino de habilidade de segurança é tão importante quanto ensinar habilidades sociais, de comunicação, da vida cotidiana. Segundo Clees & Gast (1994), os comportamentos de segurança são definidos como “comportamentos verbais ou não verbais que têm função de evitar potencial dano a si mesmo ou de fugir ou encerrar danos que estejam ocorrendo no momento”. Essa definição evidencia a necessidade de ensinar habilidade de segurança às crianças com TEA ou qualquer outra deficiência intelectual, que são mais vulneráveis. Dessa forma irá aumentar a probabilidade de elas evitarem ou escaparem de situações de perigo.
De acordo com os pesquisadores Winterling, Wolery e Farmer (1992), as habilidades de segurança podem ser separadas em três categorias:
- Situações de emergência – geralmente focam na segurança contra incêndios.
- Prevenção de acidentes – incluem habilidades específicas, geralmente relacionadas à segurança domésticas, saúde, alimentação segura e descarte de materiais cortantes.
- Habilidades de pedestre – incluem habilidades como atravessar a rua.
Segundo o autor Miltenberger (2008), um comportamento seguro requere pelo menos três habilidades:
- Discriminar a presença da ameaça para evitar o contato com ela;
- Engajar-se em um comportamento que funcione para escapar da situação de ameaça e informar o pai ou professor sobre a ameaça para que a ameaça possa ser removida.
Referências
Winterling, V., Gast, D. L., Wolery, M., & Farmer, J. A. (1992). Teaching safety skills to high school students with moderate disabilities. Journal of applied behavior analysis, 25(1), 217-227.
Sirin, N., & Tekin-Iftar, E. (2016). Opinions of Turkish parents and teachers about safety skills instruction to children with autism spectrum disorders: A preliminary investigation. Journal of autism and developmental disorders, 46(8), 2653-2665.
Sirin, N., & Tekin-Iftar, E. (2016). Opinions of Turkish parents and teachers about safety skills instruction to children with autism spectrum disorders: A preliminary investigation. Journal of autism and developmental disorders, 46(8), 2653-2665.
Miltenberger, R. G. (2008). Teaching safety skills to children: Prevention of firearm injury as an exemplar of best practice in assessment, training, and generalization of safety skills. Behavior Analysis in Practice, 1(1), 30-36.
Simonilda Cesco
Psicóloga e Supervisora ABA – Grupo Conduzir
CRP 06/131511
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.