Confissões de um diabo arrependido: Dia 3 (parte I)
Como de costume, dormi por apenas 30 minutos. Passaram-se algumas horas, e comecei a expor uma metralhadora de palavras, falando sobre meu plano de voltar para a faculdade e fazer curso de história para ser professor… Eu queria voltar para a PUC mesmo (eu tranquei a matrícula – então, como havia uns 10 meses desde que saí, talvez eu poderia destrancar). Desculpe, leitor, não consigo me lembrar direito da ordem de alguns acontecimentos, mas acho que foi nesse dia mesmo que aconteceu o meu showzinho.
No ano de 2019, eu comecei a fazer um curso numa escola chamada Saga (era bem legal, abrangia pintura digital, fotografia, edição de vídeo e muito mais). Porém, mesmo antes do meu renascer pós-hemorroida imaginária, eu estava querendo abandonar essa empreitada, até porque eu tinha preguiça de me dedicar ao desenho – fazia tempo que isso havia deixado de fazer parte de minha rotina. No fim das contas, o agora renascido Matheus Cuelbas resolveu pedir licença ao professor para dar um comunicado para a classe:
“Senhoras e senhores! Ladies and Gentlemen! Gostaria de dizer que tive suspeita de hemorroida esses dias e recebi uma dedada! Eu gostei muito da experiência. Vamos logo ao que interessa: vim me despedir de vocês, pois, a partir de agora, estou abandonando esse curso, pois quero voltar a fazer faculdade! Obrigado pela companhia. Ah! E aquele alí, sentado na primeira carteira, é meu irmão Lucas. Esse Lucão é uma figura! Valeu pessoal, é isso aí!” (pobre irmão, nem sabia onde enfiar a cara).
Depois de me despedir dos alunos, o meu maninho contou à nossa mãe o que eu havia feito e a véia Claudia olhou com um olhar do tipo “não acredito que você fez isso!”, uma frase clássica da maternidade.
Ao chegar em casa, uma surpresa: recebi mensagem de um tal de Marcelo. Achei que era algum ex-colega de classe, todavia se tratava de um cara que estava procurando um baixista para sua banda. Tinha até esquecido que, uns meses atrás, botei meu nome num site chamado “Procurando banda”.
Ele me colocou num grupo com os outros integrantes. Eles estavam meio apressados, pois teriam que fazer um show semana que vem… E aí surgiu a próxima etapa do meu eu possuído: euforia extrema, libido nas alturas e delírio de superioridade em níveis estratosféricos.
Logo eles perceberam que não estava nem aí com nada. A única coisa que fazia no grupo era mandar áudios soltando o gogó e uns trocadilhos libidinosos envolvendo rockstars.
Acabei adormecendo por quase 2 horas e, quando acordei, fui chutado da banda. Esse Marcelo me deu mais uma chance, mas pouco tempo depois mandou um áudio no grupo falando que eu não estava levando aquilo muito a sério.
Agora veio a etapa do lado violento por conta de ego ferido: mandei um áudio gritando com o rapaz, no qual eu encerrava tudo com a frase “vocês acabaram de perder a chance de fazerem sucesso no show business” (triste para não dizer ridículo). Em relação à temática musical, teve muito mais entretenimento de gosto duvidoso para vocês corarem as bochechas: mandei uns memes (capitão américa com a frase “eu entendi a referência”) no direct para o John Mayer e, como ele não respondeu, eu mandei um stick in your ass (algo como “pau no seu c*”) para depois mandar um áudio me desculpando com um tom de voz mais, suave falando que eu era só um fã filho da p*ta e bipolar (mandei para outros músicos relativamente famosos, mas vou fazer só sobre o caso do John, já que é o mais engraçado).
Matheus Cuelbas.
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.