Confissões de um diabo arrependido: Dia 3 (parte II)

Confissões de um diabo arrependido: Dia 3 (parte II)

  • Grupo Conduzir admin
  • 27 de agosto de 2021
  • Blog

Pensou que aquele dia terminou comigo xingando o John Mayer? Pois bem, infelizmente o buraco é mais embaixo. Desde que mandei o “stick in your ass” para o galã que parece que não envelhece nunca, uma mentalidade perigosa começou a se aflorar na minha cabeça: Quanto mais você xinga um amigo ou alguém que você respeita mais afeto e estilo é demonstrado.

Com isso, liguei o modo metralhadora de coice de cavalo bravo num dos posts do meu mestre e amigo Fabiano. Era algo sobre alguma lembrança de um show e lá estavam cravadas as palavras mais afetuosas que você pode receber de alguém: “Parabéns seu dinossauro c*zão”. Para piorar ele fez um post sério sobre a morte de um amigo… a reação mais empática seria: mensagem de pêsames ou um gif do Jimi Hendrix dando risada? “Ei, deixa eu me defender!” – disse Matheus modo cavalo. “Por que você mandou um gif do Hendrix dando risada, seu jumento!” “Eu achava que ele estava chorando!” “Beleza então! Depois da internet matar você eu mando um gif para sua mãe do Michael Jackson dançando”.

Deixando a zoeira de lado, eu realmente achei que o Jimi estava chorando… Depois de uns dois dias sem dormir direito minha percepção foi embora. Para você ter uma ideia, eu estava conversando com o Hugo (amigo da época do Provecto) e no fim ele me passou o telefone da Laura.

. Perspectiva:

 “Matheus, a Laura quer falar com você, toma o número dela” “Sério? AH! Que incrível!”

. Realidade:

“Hugo, você pode me passar o telefone da Laura?” “Posso sim!” “Valeu amigão, você é o cara!”

 

Depois eu falei com outras pessoas do Provecto. Achei que se eu falasse que eu tinha Asperger eu poderia consertar as coisas. Alguns falaram que já desconfiavam, outros só falaram “legal”, vi que um tal de Fernando estava me seguindo no Instagram e achei que era um aluno de mesmo nome que tinha Síndrome de Down (acabei passando vergonha pois era só um desconhecido mesmo) enfim… Conversei com a melhor amiga da Laura na época dizendo que eu estava preocupado com seu grude de 2017, só porque o stalker aqui não recebia respostas no whatsapp – certo, vamos guardar essa informação para depois.

Em paralelo a isso, fiz algo que me fez ficar num estado de melancolia por meses: entrei em contato com minha paixonite na época da faculdade. Na minha cabeça distorcida, achei que ela disse que estava apaixonada por mim (bem absurdo, já que ela tinha um relacionamento consolidado com um sujeito simpático que cheguei a conhecer em 2018). Fiquei louco, fogos de artifício explodiram por todo o meu ser e consegui convencer minha mãe a me levar para a PUC para falar com ela… QUE VERGONHA! 

     Quando cheguei, fui atendido por um barbudo da minha antiga turma – que percebeu na hora que eu estava estranho (já que sempre mostrei ser um sujeito quieto nos quase 6 meses em que convivemos no mesmo espaço). Falei com a Tati (coordenadora do curso de Artes) que ficou visivelmente preocupada e não tardou a tentar me acalmar e entender o que diabos estava acontecendo… No fim não consegui cumprir meu objetivo, porém na minha cabeça eu era namorado de uma garota linda que estudava comigo na faculdade. Mandei um áudio e uma foto dela para o Pedro Buglia contando que eu finalmente tinha uma namorada, comentei em fotos dela, além de coisas piores que eu viria a aprontar de madrugada… Dia 4, lá vamos nós!

 

Matheus Cuelbas.

 

 

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.