Conheça Alice Casimiro, nossa nova colunista do blog

Conheça Alice Casimiro, nossa nova colunista do blog

  • Grupo Conduzir admin
  • 8 de agosto de 2023
  • Blog

Por muitos anos da minha vida levei a fama de grosseira e antipática. Quando eu estava sobrecarregada e agia sem paciência, era grosseira, mas, muitas vezes, quando estava tentando ser agradável, era grosseira também. Não tinha para onde escapar. E o antipática era por não devolver sorrisos com frequência, me afastar das pessoas, ignorar quando falavam comigo às vezes, não ter filtros com assuntos delicados ou não notar a comunicação não verbal dos outros. Eu era sempre a errada.

Cresci acreditando nisso, que eu não era uma pessoa agradável de se conviver. É uma pena que muitos autistas ainda levem a culpa da dificuldade de comunicação social, como se isso não fosse uma “via de mão dupla”. Por que nós é que sempre somos o lado que não está funcionando corretamente? Por que os problemas de comunicação são sempre só nossos, e as consequências deles também? Isso não é justo.

Faz pouco tempo que eu tenho começado a descobrir quem eu sou de verdade. Eu sempre evitei me autoelogiar, pois eu nunca via nenhum motivo, mas aqui vou eu, no processo de aprender a me amar.

Eu sou Alice, uma pessoa amorosa, empática, sociável ao seu próprio modo, que sente falta de ter companhia e se sente sozinha. Eu sou uma boa amiga, sempre quero que meus amigos se sintam o melhor possível, sou doce e gosto de elogiar as pessoas quando gosto delas e estou me sentindo bem o suficiente para fazer isso. Eu não sou robótica, fria, antissocial ou grosseira, como já me chamaram. Eu gosto de dar abraços apertados nas pessoas que eu amo e respeito. Gosto de fazer as pessoas rirem e se sentirem mais leves. Sou uma pessoa honesta e cuidadosa com os outros. E eu também sou autista, com minhas próprias limitações e particularidades que devem ser levadas em conta.

Da última vez que estive em São Paulo, eu finalmente ganhei meu sinal em Libras da minha amiga surda. Ela escolheu o sinal com a letra inicial do meu nome misturado ao fato de eu ser sorridente.

Sorridente? Eu mal sorria até meus 4 anos de idade. Depois, com a depressão, continuei conhecida como séria, isolada.

Mas agora eu estou me curando e me encontrando novamente.

Prazer, eu sou Alice, uma pessoa amorosa, doce, divertida e sorridente!

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.