Grupo de Orientação Familiar
Qual família nunca se deparou com uma situação desafiadora e, logo em seguida, pensou o que poderia ter feito de diferente, mas sem saber exatamente o que seria?
Infelizmente, isso é muito comum em famílias de indivíduos com TEA, mesmo quando estão em intervenção, principalmente porque há diversos casos em que não existe a troca dos profissionais com os familiares. Mas como isso é possível se são os familiares os que passam a maior parte do tempo com o indivíduo? Se são eles que estão em diferentes ambientes e contextos com a criança ou adolescente? Se são eles os que mais precisam e buscam orientações para as situações desafiadoras?
É indispensável considerar o contexto familiar e envolver esses familiares, afinal eles são os agentes centrais na intervenção.
Sabemos que é essencial para os indivíduos com TEA ter autonomia, mas é igualmente essencial a autonomia dos pais e cuidadores. Pensando nisso, em 2020 o Grupo Conduzir começou um novo projeto voltado justamente para esse público, e, após um ano inteiro de pesquisas e desenvolvimento, foi dado início ao primeiro grupo do então chamado Treinamento de Pais. O objetivo era munir os familiares de informações e conhecimentos acerca de estratégias dentro da Análise do Comportamento que pudessem auxiliar no dia a dia com as crianças e adolescentes.
E o grupo foi um sucesso. Mas como nada é tão bom que não possa melhorar, foram considerados os feedbacks dos participantes e realizados alguns ajustes no treinamento, inclusive em seu nome, agora chamado de Grupo de Orientação Familiar (GOF). Apesar de mudanças em conteúdos e estrutura, o objetivo continua o mesmo: passar informação e conhecimento para familiares e cuidadores que estão diariamente com as nossas crianças e adolescentes, para que possam usar diferentes estratégias com seus filhos/netos/etc., além de ampliar o repertório para discussões junto à equipe de intervenção.
Muitos familiares podem se perguntar por que precisam desse conhecimento se são os terapeutas que realizam a intervenção. Mas diversos repertórios são ensinados no contexto de sessão com o profissional especialista. Porém, para que essas habilidades se mantenham, precisamos estabelecer condições iguais em todos os ambientes onde o indivíduo está inserido. É um grande desafio, mas um que a família poderá realizar com a parceria da sua equipe ABA, trazendo ganhos muito maiores para o indivíduo autista e todos a sua volta.
O objetivo do grupo não é formar novos terapeutas e supervisores, e sim dar ferramentas para pais e cuidadores poderem trocar com os demais profissionais e adaptarem juntos estratégias específicas para o dia a dia. Não podemos esquecer que cada indivíduo é único e precisa de um olhar individualizado para suas necessidades. Quando a família identifica seus pontos fortes e fracos, conhece conceitos e estratégias, é possível otimizar os resultados e ter uma comunicação mais assertiva com todos os envolvidos no processo de intervenção.
As famílias desempenham um papel central na criação do mundo social de seus filhos e têm o conhecimento mais íntimo deles e dos ambientes em que irão prosperar e crescer. Lembre-se sempre: nossos profissionais são especialistas em ABA, mas os familiares são os maiores especialistas nas nossas crianças e adolescentes. E é por isso que, para o Grupo Conduzir, é primordial que possamos sempre seguir juntos nessa jornada.
Referências
- Johnson, E. O. (2013). The parent`s guide to In-Home ABA programs.
- Bruinsma, Y., Minjarez, M., Schreibman, L., Stahmer, A. (2020). Naturalistic Developmental Behavioral Interventions for Autism Spectrum Disorder.
Karina Frizzi – Gerente ABA
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.