Jovens e adultos autistas e o trabalho em ABA
Preparação para a vida adulta e o trabalho em ABA
Na maioria das vezes em que falamos em autismo, nos referimos ao trabalho com crianças e intervenção precoce. Porém, a intervenção para jovens e adultos autistas também se faz importante uma vez que as habilidades teoricamente desenvolvidas quando criança agora devem serem “usadas” diante de um novo contexto e demandas diferentes e complexas que contemplam a vida adulta.
Jovens e adultos autistas e/ou de alto funcionamento
Especificamente, irei escrever sobre autistas jovens e adultos Aspergers e/ou de alto funcionamento, para nos referir aos indivíduos com habilidades intelectuais médias ou acima da média, com uma melhor comunicação quando em comparação com aqueles que apresentam autismo “clássico”, que tendem a apresentar um funcionamento intelectual mais baixo e maior déficit na comunicação.
Por conta dos problemas na comunicação, interação social e comportamentos rígidos e obsessivos, indivíduos com TEA tendem a experenciar constante stress, frustração e ansiedade diante da maioria das situações sociais.
Geralmente, eles até demonstram vontade de interagir com outra pessoa, porém sem saber como. Muita vezes não entendem uma mudança repentina na rotina, não entendem uma piada e portanto não riem enquanto os outros estão rindo.
Confira o vídeo que fala sobre a preparação para a vida adulta e o trabalho em ABA
A Psicóloga, Analista do Comportamento – Consultora e Supervisora ABA do Grupo Conduzir, Marina Ramos, explica no vídeo abaixo os principais pontos dessa discussão.
[https://youtu.be/E0gm5mK4V4A]
Interações sociais e suas habilidades
A maioria das interações sociais preveem a habilidade de “mentalmente” perceber a perspectiva do outro. A inabilidade de prestar atenção em situações sociais e simultaneamente integrar essas informações faz com que seja mais difícil esse indivíduo ficar sobre controle do que o outro pode estar pensando ou sentindo. Saber quando parar de falar sobre um assunto específico, esperar sua vez, responder a iniciação do outro, ajudar ou dividir – tudo isso fica mais fácil quando tomamos a perspectiva do outro.
No entanto, essas habilidades não surgem de forma automática e natural nos indivíduos com TEA. Elas precisam ser ensinadas de forma explícita e quebradas em pequenos passos para que possam ser aprendidas e para isso é preciso muita motivação. Só assim, podemos desejar alterar nosso comportamento e aprender novas habilidades com o objetivo de atingir nossas metas sociais e profissionais.
Pilares para nortear o trabalho de jovens e adultos autistas
Basicamente, temos que nos apoiar em três pilares para nortear o trabalho no período da adolescência e vida adulta:
1. Autoconhecimento: que pode envolver o uso do diagnóstico. É o momento onde o jovem começa a acessar suas qualidades e desafios. Podemos trabalhar informações sobre o transtorno e suas dificuldades que necessitam de modificação e treino. Esse momento também é dedicado para o conhecimento de seus talentos e interesses – mantendo a autoestima e tendo consciência de suas dificuldades para que possa procurar ajuda;
2. Saber se colocar e defender seu ponto de vista: baseado no seu autoconhecimento, o jovem aprende a se posicionar, defender seus interesses e preferências, desenvolvendo assertividade diante de situações onde é necessário se colocar;
3. Consciência profissional e/ou independência: a partir dos passos anteriores, os jovens começam a almejar a inserção no mercado de trabalho, e a escolha de sua carreira deve se basear no seu potencial e dificuldades. Também deve ser preparado para morar sozinho, viajar, pagar contas e ter o máximo de independência possível.
Preparação para a vida adulta
Pensando que num período de 10 a 15 anos as crianças autistas de hoje serão adultos, é importante que esse tipo de intervenção comece o quanto antes para que os prejuízos não sejam tão acentuados. A importância do diagnóstico e intervenção precoce são de extrema importância, mas vale lembrar que a ABA também contempla a intervenção tardia.
Assim como na intervenção precoce, é necessário base teórica, terapia intensiva e análise do que cada indivíduo necessita para que um programa individualizado, baseado nas suas qualidades e dificuldades seja elaborado de acordo com o contexto em que está inserido.
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.