Lição de Casa: Como desenvolver repertório de autonomia em crianças com TEA
Falar sobre lição de casa pode ser um assunto um tanto controverso. Há quem defenda essa prática por acreditar que o aluno poderá ter mais oportunidades de aprender ao rever o conteúdo em casa, desenvolvendo com isso senso de responsabilidade e autonomia para gerenciar os prazos de entrega e a qualidade da atividade a ser entregue.
Por outro lado, há quem justifique que tal prática não tem nenhum embasamento científico (Cooper, 2006) e que pode estar mais correlacionada à ineficácia do sistema de ensino: dificuldades em cumprir metas estabelecidas pelo sistema adotado pela escola (determinado conteúdo em determinado tempo), excesso de conteúdos disfuncionais, sobrecarga de trabalho, o que por conseguinte gera lições de casa, quando deveriam ser exercícios feitos em sala de aula, com dúvidas esclarecidas pelo professor.
Não pretendo discutir aqui qual vertente apresenta melhor benefícios à aprendizagem, embora ambas merecem atenção e certa avaliação crítica de nossa parte.
O fato é que, se você é pai ou mãe de alguma criança atípica em idade escolar, o momento de lição de casa já deve ter sido gerador de alguma ansiedade, para o qual vale a pena discutirmos ferramentas que possam atenuar os fatores estressores e ampliar melhores oportunidades de aprendizagem aos envolvidos.
Orientações à escola:
- Correlação com os objetivos traçados no PEI: Primeiramente cabe a compreensão por parte da instituição escolar de que as atividades devem estar correlacionadas aos objetivos traçados para cada criança (ainda é comum termos avaliações adaptadas, atividades adaptadas, mas não haver uma adaptação para as lições de casa).
- Articulação com a família: Avaliar junto à família o quão benéfico será essa prática, levando em consideração o dia a dia da criança (muitas frequentam terapias no contraturno), resultando em um desgaste diário e uma correlação aversiva ao momento de estudo.
- Orientação clara sobre a aplicação: É importante que haja uma explicação clara de como deverá ser realizada a atividade. O processo se tornará muito mais fácil caso já exista adaptação da atividade de lição de casa para a criança.
- Lembre-se que a motivação é um combustível para a aprendizagem: Sempre que possível, correlacione o assunto com o tema de interesse da criança. Isso poderá tornar esse momento mais enriquecedor!
Orientações aos facilitadores (pais ou outros profissionais que auxiliam a criança nesse momento):
- Definir um horário: Estabeleça um horário fixo com a criança encaixado em sua rotina. Isso poderá amenizar a interferência de distratores.
- Organização: escolha um ambiente livre de ruídos e sem muitos distratores. É importante que a criança compreenda que ali será o local para os seus estudos. Deixe sobre a mesa apenas os materiais que serão necessários.
- Ofereça modelos claros: Em caso de dúvidas por parte do aprendiz, é importante que o mediador forneça alguns modelos claros de como efetuar a atividade. Isso poderá ser realizado por uma dica visual ou mesmo com algum modelo de passo a passo para a criança.
- Reforce: Reforce as tentativas da criança! É muito importante que ela seja encorajada e se mantenha feliz em cada conquista.
- Sistema de Fichas: Você pode sentir muita dificuldade em avançar na quantidade de tarefas se a criança solicitar constantemente o reforçador. Uma boa estratégia é a utilização do sistema de fichas, que permitirá que a criança tenha acesso ao reforçador somente após a aquisição de algumas fichas, possibilitando com isso um maior engajamento na atividade e por um período maior de tempo.
Referências Bibliográficas
Cooper, H.; Jorgianne, C.R.; & Patall, E.A. (2006). Does Homework improve academic achievement? A synthesis of research, 1987-2003. Review of Educational Research, 76 (1), 1-62.
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.