Mães atípicas na Quarentena
Participo de muitos grupos de mães, típicas e atípicas, todas são unânimes em reclamar dos transtornos causados pela quarentena, apesar de reconhecerem a importância de tal medida.
As crianças estão entediadas por não poderem sair, a energia está acumulada devido à diminuição considerável das atividades externas e os acidentes domésticos aumentaram consideravelmente.
As escolas estão reestruturando as atividades e mandando para os alunos executarem em casa, com o auxílio dos pais, assim o ritmo de estudo é mantido, ainda que não ofereça os resultados de uma aula presencial.
As terapias também tomaram novo formato e as mães foram instruídas a aplicarem os programas, claro que de uma forma mais cotidiana e menos estruturada, mas tão eficaz e rica de se trabalhar.
Apesar de ser tudo novo as coisas estão andando de forma remota e as crianças estão assistidas da melhor forma possível, considerando a realidade atual.
Mas e as mães???
De Repente as mães assumiram diferentes papéis e sua rede de apoio se tornou quase que exclusivamente remota.
Nos tornamos professoras, pedagogas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, psicólogas, faxineiras, cozinheiras, trabalhamos home office no meio de todas essas funções e ainda temos que administrar nossas próprias dores, aflições, incertezas, medos…
Quem está cuidando da exaustão das mães atípicas?
Possuímos todas as inseguranças das mães em geral, como: o que será da saúde? Ou da economia? Da vida escolar dos nossos filhos? De como as crianças estão entediadas e processando tudo o que está acontecendo?
Associadas a preocupações que fazem parte da realidade das mães de autistas:
Meu filho tem questões sensoriais e leva tudo à boca, logo é um alvo provável de contrair o vírus?
Ele não comunica dor ou desconforto respiratório, como vou saber se ele(a) está infectado?
Como a mudança brusca de rotina será administrada na nossa casa?
Como ficará o tratamento com a suspensão das terapias presenciais?
E como será as adaptações curriculares?
Como será o retorno e a readaptação?
Será que haverá um retrocesso no desenvolvimento? Ou até mesmo estagnar?
Vi muitas pessoas, merecidamente e com todo louvor, aplaudindo os profissionais da saúde que estão à frente do combate ao vírus, mas gostaria também, de aplaudir de pé as mães atípicas.
Michelle Carvalho, mãe do Enzo 💙
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.