Mães exaustas
Constantemente vemos, nas redes sociais, charges e imagens atribuindo às mães “atípicas” um título de guerreira, de supermãe, mulher de super poderes. Outras vezes recebemos o selo de escolhidas por Deus, mães especiais… são tantos rótulos inadequados, romantizando nossa sobrecarga que está, sem dúvida, mais relacionada à falta de rede de apoio do que com o fato de termos filhos com alguma deficiência, seja ela qual for.
Somos mulheres comuns, vivendo a maternidade com o mesmo amor e empenho que qualquer outra mulher, com várias demandas diferentes – sim, com algumas angústias diferentes relacionadas ao futuro, com uma rotina diferente e, por incrível que pareça, com uma rede de apoio reduzida.
É muito comum ouvirmos de mães.
Não se preocupam em conhecer as necessidades daquela criança, em construir vínculos, em alimentar afetos. Simplesmente se reconhecem incapazes e não se movem para virarem rede de apoio, enquanto passeiam alegremente com as outras crianças da família e postam fotos.
Consigo fazer um paralelo e enxergar uma similaridade com as escolas que recusam a matrícula de crianças com algum transtorno de aprendizagem e fazem a matrícula daquelas que se adequam ao planejamento pedagógico proposto. A diferença é que a escola não possui vínculo familiar com a criança e nem com seus pais, sendo mais facilmente substituível.
Como substituir avós? Tios? Tias?
Como dar a uma outra pessoa algo que deveria ser tão intransferível?
Como conscientizar o outro a fazer seu papel? Como dizer que fotos em redes sociais não são demonstração de amor se não forem acompanhadas de ações?
Digo sempre ao meu filho que Deus conhece os corações e intenções das pessoas. Por isso seleciona as que nos amam para estarem ao nosso redor.
E assim seguimos, com nossa rede de apoio reduzida mas eficiente.
Desejo que os familiares que precisam de suporte o tenham em abundância, que as pessoas no entorno cumpram seus papéis com amor, alegria, entrega, disposição e disponibilidade.
Desejo que tenham tempo para serem além de mães e pais. Que possam se divertir com a certeza de terem alguém cuidando adequadamente dos seus filhos, de terem tempo para si sem culpa, sem que precisem implorar ou desistir.
Desejo amor, compaixão, empatia, inclusão, afeto, parcerias, rede de apoio!
Cuidar da saúde emocional também é uma declaração de amor aos filhos.
Michelle Carvalho, mãe do Enzo 💙
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.