Maio Laranja: Sinais de exploração e abuso sexual infantil

Dia 18 de maio é o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil, e a campanha contra essa violência se estende por todo o mês, chamado de Maio Laranja. Nesta data, e ao longo de todo o ano, reforçamos a importância de proteger nossas crianças e adolescentes desse tipo de abuso, que é muito comum na nossa sociedade.

De acordo com o Ministério da Saúde, a cada hora 3 crianças são abusadas no Brasil, e cerca de 51% delas tem entre 1 a 5 anos de idade. Segundo o mesmo órgão, anualmente, meio milhão de crianças e adolescentes são explorados sexualmente no nosso país, mas somente 7,5% dos casos chegam a ser denunciados às autoridades. Isso significa que os números, na verdade, podem ser muito maiores.

Para mudar essa triste realidade, precisamos mobilizar, educar e informar a sociedade, garantindo um ambiente seguro para o crescimento saudável das crianças, especialmente as vulneráveis, como as neurodivergentes. Por isso, a prevenção é essencial e devemos estar atentos aos sinais para denunciar suspeitas e apoiar as vítimas.

Neste conteúdo,  vamos discutir as diferentes formas de exploração e abuso sexual infantil, os sinais de alerta a serem observados e estratégias para prevenir esses crimes. Continue a leitura e confira. 

O que é exploração e abuso sexual infantil?

O abuso sexual infantil é caracterizado por qualquer forma de contato ou interação sexual com uma criança por um adulto ou pessoa mais velha, em que a criança não tem maturidade ou capacidade de compreender o significado do ato sexual. Isso pode incluir toques inapropriados, exposição a conteúdo sexual, coerção para atividades sexuais ou qualquer outra forma de abuso.

Já a exploração sexual infantil envolve a utilização de crianças em atividades sexuais em troca de remuneração, bens ou favores. Isso pode ocorrer através da prostituição infantil, pornografia infantil, turismo sexual envolvendo crianças, tráfico humano para fins sexuais, entre outras formas.

Essas práticas exploram a vulnerabilidade das crianças, causando danos físicos, emocionais e psicológicos. Afinal, o estresse tóxico, resultante do abuso, pode levar a uma variedade de problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, transtornos de ansiedade, depressão, dificuldades de aprendizagem e problemas comportamentais.

Quais os sinais de exploração e abuso sexual infantil?

Apesar da crença comum de que o abuso sexual ocorre apenas com estranhos e longe do ambiente familiar, a cartilha “Abuso sexual contra crianças e adolescentes – abordagem de casos concretos em uma perspectiva multidisciplinar e interinstitucional”, publicada em 2021 pelo governo federal, revela dados alarmantes. Entre 85% e 90% dos agressores sexuais de crianças e adolescentes são pessoas conhecidas, e surpreendentemente, 30% deles são os próprios pais. 

A exploração e o abuso sexual infantil podem assumir diversas formas que nem sempre são fáceis de identificar. No entanto, existem alguns sinais de alerta que podem indicar que uma criança está sofrendo esse tipo de violência. São eles: 

• Medo ou mesmo pânico em relação a certa pessoa;
• Sentimento generalizado de desagrado quando a criança é deixada sozinha em algum lugar com alguém;
• Medo do escuro ou de lugares fechados;
• Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento;
• Oscilações no humor entre retraimento e extroversão;
• Mal-estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade;
• Regressão a comportamentos infantis, tais como choro excessivo sem causa aparente, enurese involuntária de urina ou chupar dedos;
• Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica;
• Fraco controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida;
• Baixo nível de estima própria e excessiva preocupação em agradar os outros;
• Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa diante de outras pessoas;
• Culpa e autoflagelação;
• Ansiedade generalizada, comportamento tenso, estado de alerta ou fadiga;
• Comportamento agressivo ou raivoso não incessante, principalmente dirigido contra irmãos e um dos pais;
• Transtornos dissociativos na forma de personalidade múltipla.

Agora vamos entender como essa violência impacta a vida de pessoas neurodivergentes. Continue a leitura e confira. 

Exploração e abuso sexual em crianças e adolescentes autistas

Crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam uma vulnerabilidade particular diante da exploração e do abuso sexual. Para esses indivíduos, o capacitismo e a marginalização exacerbam ainda mais essa violência. 

Pesquisadores norte-americanos destacam que a probabilidade de autistas serem vítimas de qualquer forma de abuso é de 1,5 a 3 vezes maior em comparação com crianças neurotípicas. Devido às suas dificuldades de comunicação e interação social, é mais desafiador para essas crianças relatarem experiências de abuso. 

Por isso, é necessário que famílias e cuidadores estejam bem informados sobre os riscos enfrentados pelas crianças com TEA e saibam como protegê-las. Isso envolve ensinar habilidades de autodefesa apropriadas à idade e capacitar a criança para identificar e comunicar situações de abuso. 

Como combater e denunciar a exploração e abuso sexual infantil?

A denúncia de casos de exploração e abuso sexual infantil é fundamental para interromper o ciclo de violência e proteger as crianças envolvidas. No entanto, muitas pessoas têm medo ou desconhecem o processo de denúncia. É importante saber que existem canais seguros e confidenciais para relatar esses casos e buscar ajuda.

No Brasil, o Disque 100 é um número de telefone gratuito que pode ser utilizado para denunciar qualquer tipo de violação de direitos humanos, incluindo a exploração e o abuso sexual infantil. Além disso, é possível fazer a denúncia pessoalmente em uma Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente ou através do Ministério Público.

Ao fazer uma denúncia, é importante fornecer o máximo de informações possíveis, como o nome e endereço do suspeito, a descrição dos fatos ocorridos e qualquer outra informação que possa ajudar as autoridades a investigar o caso. Lembre-se de que sua denúncia pode salvar uma vida e proteger uma criança de futuros abusos.

Juntos pelo combate à exploração e ao abuso sexual infantil

Proteger nossas crianças é proteger nosso futuro. A exploração e o abuso sexual infantil são crimes terríveis que deixam cicatrizes profundas nas vítimas. É nosso dever como sociedade unir forças para combater essa violência silenciosa e proteger nossas crianças e adolescentes.

Lembre-se de que a prevenção é fundamental. Esteja atento aos sinais, denuncie suspeitas e ofereça apoio às vítimas. Juntos, podemos fazer a diferença e ajudar a construir um futuro melhor para nossas crianças. O combate à exploração e ao abuso sexual infantil é responsabilidade de todos nós.