O que faz uma pessoa estar em um determinado nível de suporte?

Primeiro, é importante entendermos que nível de suporte não tem a ver com o quão autista uma pessoa é, ou o quão inteligente ela é. Ele serve apenas para dar uma ideia superficial de quanto suporte determinada pessoa precisa no seu dia a dia.

Não é uma característica isolada ou outra que determina o nível de suporte. Na verdade, mesmo pessoas classificadas dentro do mesmo nível podem ser muito diferentes. Uma pode não falar, a outra pode falar bastante, uma pode ter muitas crises, a outra pode ter poucas. No fim, o que essas pessoas têm em comum é precisar de uma quantidade de suporte parecida, ainda que não para as mesmas coisas e nos mesmos momentos.

O DSM-5 é bem raso ao falar sobre esses níveis, deixando tudo muito abstrato. No final, muitos médicos acabam atribuindo um nível a partir de opiniões próprias. Já outros utilizam escalas padronizadas. Normalmente, quem vai fazer uma testagem extensiva com escalas que determinam nível de suporte é um neuropsicólogo.

Quando fui testada, pontuei no nível 2 de suporte, a 1 ponto de pontuar no 3. Eu acredito que, hoje em dia, esteja um pouco mais longe do nível 3, agora que tenho mais autonomia do que naquela época, mas ainda preciso de suporte substancial.

No meu caso, fatores que contribuem para o meu nível de suporte atual são a necessidade de ter um profissional vindo em casa me dar apoio para realizar tarefas domésticas e de autocuidado, não ter autonomia necessária para ir passear sozinha, dificuldades marcantes de comunicação verbal e não-verbal que são perceptíveis mesmo para quem não me conhece, dificuldade de autorregulação emocional, baixo repertório social, entre outras coisas.

Apesar de ter um nível de suporte definido, ele sozinho não diz nada sobre que tipo de ajuda eu preciso. Por isso é importante não se apegar a isso, mas sim às características individuais de cada pessoa, que vão exigir apoio individualizado e pensado especificamente para cada uma. 

Autismo não é receita de bolo, e os níveis de suporte não dizem tudo sobre quem somos ou do que precisamos, além de poderem variar ao longo do tempo.

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.