Pais em negação
Todos os dias eu converso com pais e familiares sobre o diagnóstico de autismo.
A grande maioria dos casais me procuram para ajudar na indicação de um profissional, pedir opinião de alguma estratégia, dúvidas na intervenção, pedir para observar o filho e ver se existe alguma característica de autismo… Ou seja, troca de experiências entre pais.
Mas, infelizmente, são tantas mães que me procuram buscando ajuda e respostas sozinhas, pois os pais estão em negação e não admitem que o filho tenha um desenvolvimento atípico.
E outros tantos familiares (tias, tios, avós, primos…) aflitos para ajudarem aquela criança que os pais estão em negação e negligenciando um tratamento.
É assustador! Realmente são a grande maioria, principalmente no “autismo leve” que gera, até certa idade, algumas “dúvidas”.
Querem saber:
“Como convencer que investigar é importante?”
“Como ajudar essa criança que é tão amada e está perdendo tempo precioso de tratamento?”
“Me ajuda a fazer meu marido enxergar!”
Infelizmente eu não tenho esse poder de convencimento, mas tenho certeza que a melhor alternativa é diálogo e amor.
Eu sei que as vezes o medo é tão grande que negar dói menos, parece a saída mais suportável.
A notícia ruim é que negar não muda a realidade e muito menos as consequências dela. O único modo de melhorar a realidade é enfrentar a dor.
E dói sim, é difícil sim, tem luto sim, tem choro sim… Mas tem resultados.
Olhar com responsabilidade, maturidade e consciência para o diagnóstico (ou possível diagnóstico), é libertador para todos.
Essas crianças dependem dos seus cuidadores para se desenvolverem com mais consistência e serem o mais independentes possível.
Acredito que no fim, o amor sempre vence!!!
Michelle Carvalho – mãe do Enzo
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.