Planejamento Individualizado
Muito se fala em planejar de maneira individualizada uma intervenção, mas será que fica claro o quão amplo isso de fato é?
As etapas desse tipo de intervenção analítico-comportamental passam por uma avaliação detalhada, por uma escolha de determinados comportamentos, por um desenvolvimento de objetivos que irão dar forma aos relatórios e por planos detalhados de ensino que são pensados com o intuito de aumentar ou diminuir certos comportamentos. E o que isso tudo quer dizer?
Primeiro, torna-se importantíssimo lembrar que cada cliente é diferente, assim como os motivos que os levam a se comportarem de determinada forma. Cada um irá apresentar um repertório comportamental único durante a fase de avaliação e terá algumas necessidades que são singulares, e isso sempre será levado em conta.
No que se refere à avaliação, utilizam-se algumas ferramentas partir das quais são obtidas informações a respeito das habilidades que já devem ser demonstradas ou que são prioridades para a intervenção. O contato com a escola do cliente também por fornecer informações importantes que avaliações tradicionais às vezes não identificam por meio de avaliações tradicionais. Além disso, dados dessas fontes podem mostrar comportamentos adequados durante a avaliação que não precisam de intervenção.
Comportamentos como dificuldade de atenção na escola, birra de longa duração, estereotipais, ou comportamentos que estigmatizam a criança ou adolescente ou representa risco e o exclui de oportunidades de contato com algumas situações que sejam divertidas (jogar com outras crianças) ou ambientes (na comunidade geral) serão avaliados criteriosamente.
Pensando nisso, existem habilidades que precisam receber atenção mais imediatamente, enquanto outras serão trabalhas mais tarde. Nesse sentido, são necessários alguns questionamentos, como: Esse comportamento é importante para o indivíduo nesse momento? Existem pessoas significativas na vida do cliente que também serão afetadas com a aquisição dessa habilidade?
As prioridades dos pais devem ser discutidas, consideradas e incluídas (conforme apropriado) como alvos na intervenção também. Se um determinado comportamento escolhido para ser priorizado atende a todos os outros critérios mas não é considerado importante para a comunidade social do cliente, talvez não seja um comportamento-alvo apropriado.
A intervenção acontece com o intuito de buscar diminuir as diferenças entre o repertório atual da criança ou adolescente e o repertório de crianças ou adolescentes típicos da mesma idade, promover qualidade de vida, autonomia e independência.
Dentro da ideia da definição dos objetivos, eles serão pensados a curto prazo. ou seja, inicia-se ensinando a criança aprender a aprender. Se a criança apresentar comportamentos considerados graves (autolesão, por exemplo), também estão nesse estágio dos objetivos e são definidos a partir dos pré-requisitos necessários para a aprendizagem de novos repertórios. Já a médio prazo, pode-se dar continuidade aos objetivos anteriores, após o período de aquisição dos pré-requisitos. E para os de longo prazo, esses podem mudar ao longo do tempo e sofrem influência das expectativas dos próprios clientes, da sua família e de outras possíveis variáveis.
Somente então depois de tudo isso definido é que são descritos como deve ser ensinado os comportamentos selecionados, devendo sempre abranger as sete dimensões da Análise do Comportamento Aplicada, que são: aplicada, comportamental, analítico, tecnológico, conceitualmente sistemático, efetivo e generalizável.
Também será determinado um sistema que deverá medir os comportamentos, a forma como será reforçado, quais serão os itens com potencial de serem reforçadores com a finalidade de motivar o indivíduo para realização das demandas, as ajudas que serão necessárias para cada programa a ser treinado, como deverá ocorrer a correção caso ocorram respostas erradas, qual será o critério para definir se tal habilidade foi aprendida, como será programada a generalização desses comportamentos para outros ambientes.
Com isso, pretende-se enfatizar que, durante todo plano de intervenção, produção de relatório, organização das equipes, entende-se como responsabilidade do profissional garantir intervenção de qualidade, ética e considerando a individualidade de cada cliente.
Graciele Reis
Psicóloga e Supervisora ABA – Grupo Conduzir
CRP 06/125313
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.