Relação de amizade das crianças com TEA
Esses dias, durante conversa com um cliente, ele me questionou: “Mas por que eu tenho que ter amigos? Por que é bom?” Por um momento, eu não soube o que responder, e várias respostas me passaram pela cabeça. Mas o que mais me prendeu a atenção foi pensar em como explicar para ele o que era importante, por onde começar e qual seria o melhor caminho.
A amizade tem como significado “relação de afeto, de carinho, de estima e de dedicação entre duas pessoas, sendo esses sentimentos recíprocos”. Naturalmente, para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista, construir laços de amizade pode ser algo realmente difícil e desafiador.
O vínculo afetivo pode contribuir para o desenvolvimento da criança com TEA, mas como desenvolver algo tão sensível e tão particular? Primeiro, precisamos pensar que esse vínculo não começa a ser desenvolvido na escola ou só na presença de outras crianças. Ele começa a ser desenvolvido em casa, na relação com os familiares. A família é e sempre será o principal modelo de comportamento para as crianças, seja ele qual for. É nesse contexto que o passo inicial deve ter início
É angustiante para as famílias pensarem em como será o futuro das crianças com TEA. O desafio é fazer tanto as famílias quanto as crianças entenderem a importância da construção de relações sociais.
A partir daí, podemos pensar nos próximos caminhos a seguir e, apesar de desafiador, a criação de vínculos com outras crianças é necessária e possível. É importante que a escola inclua e faça a criança ser parte do todo. Entende-se que pertencer ao contexto, estar inserida nas atividades e ter os seus comportamentos reforçados é fundamental. Consequentemente, avalia-se que o processo então exige menos da criança, e permite que ela desenvolva com mais facilidade o repertório da interação social, se interessando pelo outro que ali está.
Além disso, promover atividades que permitam a interação, ter profissionais capacitados que possam auxiliá-las quando não estiverem preparadas para responder a determinadas situações e que saibam identificar até que ponto a interação está sendo reforçadora, é essencial para que as relações sejam construídas e o vínculo formado de maneira amena e efetiva.
Voltando então ao início do texto e à pergunta que me foi feita, eu diria ao meu cliente: é importante que você tenha amigos que façam você se sentir pertencente aquele grupo, aquele lugar e que te compreendam. Amigos alimentam as nossas experiências, compreendem nossos limites e nos respeitam.
Não é um caminho fácil e não existem receitas para uma amizade reforçadora, mas o que podemos assegurar é que amizade se traduz a uma “relação de afeto, carinho, estima e dedicação entre duas pessoas”, sentimentos que devem ser medidos individualmente, ou seja, não somos nós quem devemos determinar as amizades e os melhores caminhos para os nossos clientes, e sim, eles que devem nos mostrar qual o caminho e as relações que permitem eles experimentarem todos esses sentimentos. A nós, cabe somente respeitar, acolher e direcionar as melhores possibilidades para ensinar.
Larissa De Genaro Rodrigues – CRP: 06/126990
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.