Saiba o que é Terapia ABA
Muitos pais que são encaminhados para a “Terapia ABA” após terem recebido o diagnóstico (ou hipótese diagnóstica de seus filhos) tem essa dúvida afinal, o que é Terapia ABA? Os pais que chegam ao Grupo Conduzir quase sempre possuem essa questão como ponto fundamental e inicial para o processo terapêutico.
É de enorme importância de que um pai saiba o que é Terapia ABA antes de iniciar o tratamento
A Análise do Comportamento é uma ciência do comportamento composta por produções de conhecimento em uma filosofia denominada Behaviorismo Radical. Tal ciência possui um braço experimental denominado de Análise Experimental do Comportamento e um braço aplicado denominado de Análise do Comportamento Aplicada, este último comummente tratado pela sigla ABA, descrita acima. Nesse sentido, não existiria um “método ABA”, como muitas vezes aparece propagandeado. O que existe é uma ciência aplicada do comportamento que pode ser utilizada para trazer soluções de problemas a fenômenos de relevância social, entre eles, o autismo.
No caso da Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, trabalhamos com comportamentos que podem estar em déficit (linguagem, brincadeira, interação social, etc) e outros que podem estar em excesso (estereotipias, rigidez comportamental, comportamentos disruptivos, entre outros). Basicamente, a Análise do Comportamento Aplicada analisa os eventos antecedentes e consequentes do comportamento com o objetivo de modificar o mesmo. No caso de uma criança que chora ou se joga no chão, por exemplo, teremos que avaliar: em quais situações isso ocorre (horários, momentos do dia, etc), quais pessoas estão presentes quando esse comportamento acontece, qual a reação das pessoas que estão no ambiente, se ela tem acesso a algum brinquedo após emitir tal comportamento, enfim, uma série de variáveis antecedentes e consequentes que podem estar fortalecendo o comportamento indesejado.
Análise do Comportamento e sua ciência
A Análise do Comportamento é uma ciência, fundamentada em dados de pesquisas básica e aplicada, e sustentada por pilares testados sistematicamente. Os conceitos que usamos em ABA nasceram em estudos com delineamentos exigentes cujo objetivo sempre foi, e ainda é, determinar quais procedimentos são mais eficazes para ensinar a criança a apreender.
É importante que os pais saibam da complexidade da Terapia ABA para que possam entender se seu filho (a) esta, de fato, sendo submetido ao tratamento aplicado de forma correta e coesa ou não.
O clássico livro americano “Applied Behavior Analysis” de Cooper, Haron e Heward (2007), descreve cerca de 95 habilidades necessárias para a prática de tal profissional. Tais habilidades vão desde a realização de uma análise funcional apurada, passando por procedimentos de ensino e de mudança de comportamentos, até a forma de registro e avaliação de resultados. Portanto, o aprendizado de uma ciência além de complexo, tem de ser contínuo. A quem deseja atuar em uma ciência natural que se propõe a predizer comportamento e desenvolver repertórios comportamentais, cabe o enfrentamento de anos de estudo e dedicação que nunca devem se exaurir.
O que é Terapia ABA
A Analista do Comportamento, Consultora e Supervisora ABA do Grupo Conduzir, Renata Michel, explica no vídeo abaixo os principais conceitos para os pais e profissionais que atuam na área.
[https://youtu.be/3lKpH69eKjw]
Ensino Estruturado – DTT
Uma das modalidades de ensino mais utilizadas na Terapia ABA é o Ensino por Tentativas Discretas (DTT – Discrete Trial Training). As tarefas são comumente realizadas em ambientes controlados, muitas vezes em mesinhas (por serem mais fáceis de manejar o material, coloca-lo no campo de visão da criança, entre outros controles de estímulos).
O DTT possui três componentes principais: (1) o estímulo discriminativo (SD); (2) a resposta e/ou dica; e (3) o reforço ou procedimento de correção.
O estímulo discriminativo (SD) é um termo da análise do comportamento para um estímulo que sinaliza a resposta a ser emitida.
A sequencia de ensino pode ser esquematizado como:
Esse ensino e altamente eficaz, com base em evidencias nas pesquisas como já mencionado, e, por isso, amplamente utilizado na Terapia ABA. Entretanto, é importante que fique claro que DTT não acontece apenas na mesinha. Qualquer procedimento de ensino que siga a sequencia descrita e considerado DTT. O DTT não acontece apenas em ambientes individualizado (terapeuta – paciente), e pode incluir outras crianças. Por fim, DTT não é sinônimo de Terapia ABA e sim uma parte integrante dessa. A Terapia ABA possui outras estratégias além do DTT. Uma delas é o Ensino Naturalístico que veremos a seguir.
Ensino Naturalístico
A essa modalidade de ensino pode ser dado diferentes nomes. Os mais comuns são “Ensino Incidental”, “Ensino Pivotal” e “Modelo Denver”. Entretanto, é importante que o leitor entenda que essas são modalidades de Ensino Naturalístico.
No Ensino naturalístico a criança é quem inicia a interação. Para que isso aconteça, o terapeuta deve preparar o ambiente para aumentar a probabilidade de a criança começar a interação, por exemplo, manipulando itens como brinquedos que são do interesse da criança.
Uma das características principais desse tipo de ensino é que o Terapeuta ABA utiliza apenas reforçadores naturais, ou seja, aqueles que fazem parte da consequência da própria brincadeira, e não reforçadores arbitrários como no caso do DTT.
Como se pode perceber, Terapia ABA é uma terapia bastante complexa que não se resume apenas a uma modalidade de ensino ou de uma estratégia exclusiva, mas deve se adequar a necessidade de cada criança e para a necessidade de desenvolvimento de cada habilidade em específico.
Referências Bibliográficas:
- Cooper, J.O., Heron, T.E., & Heward, W.L. (2007). Applied Behavior Analysis (2nd ed.). Upper Saddle River: NJ.
*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.