
Autismo em bebês: sinais e diagnóstico
Durante os primeiros meses de vida, cada nova descoberta do bebê, como um sorriso ou balbucio, encanta quem participa de sua rotina. No entanto, pais e cuidadores devem observar com atenção alguns sinais importantes do desenvolvimento já nessa fase inicial. Entre eles, estão os possíveis indícios de autismo em bebês, que podem surgir ainda no primeiro ano de vida e, quando identificados precocemente, fazem toda a diferença na qualidade de vida da criança.
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 1 em cada 31 crianças está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse dado, que tende a crescer ainda mais, reforça a importância de pais e cuidadores estarem atentos aos marcos do desenvolvimento desde os primeiros meses. Afinal, mesmo que o diagnóstico formal de autismo costume ocorrer por volta dos dois anos, alguns comportamentos fora do esperado podem aparecer bem antes.
Por isso, reconhecer esses sinais abre caminho para intervenções que vão impulsionar o desenvolvimento da criança e impactar profundamente seu crescimento, sua qualidade de vida e sua autonomia ao longo dos anos.
Sinais de autismo em bebês
Embora um sinal isolado não confirme, por si só, um diagnóstico, os profissionais devem levar a sério a repetição ou a combinação de comportamentos atípicos. A seguir, apresentamos os principais sinais que merecem atenção:
Ausência ou redução do contato visual
Desde os primeiros meses, os bebês costumam fixar o olhar nos cuidadores, especialmente durante a amamentação, nas trocas de fraldas ou nas brincadeiras. Quando evitam ou reduzem esse contato visual, podem demonstrar dificuldades na interação social — uma característica comum no autismo em bebês.
Falta de resposta ao nome
A partir dos seis meses, os bebês costumam reagir quando são chamados, seja com o olhar, um sorriso ou algum movimento. A ausência dessa resposta, mesmo em um ambiente tranquilo, pode ser um indicativo de atenção seletiva reduzida, sendo um sinal frequente entre os primeiros identificados.
Pouca ou nenhuma imitação
A imitação de gestos simples, como acenar, bater palmas ou mandar beijo, é uma etapa importante do desenvolvimento social e comunicativo. Quando o bebê não imita os adultos em gestos cotidianos, pode estar demonstrando dificuldades na interação e na construção de vínculos, o que pode estar relacionado ao autismo em bebês.
Interesse restrito por objetos ou brinquedos
Ao invés de explorar os brinquedos de forma variada, o bebê pode demonstrar fixação por determinadas partes — como rodas ou etiquetas — ou utilizar os objetos de maneira repetitiva e não funcional. Esse tipo de padrão restrito de interesse é um dos critérios observados no espectro autista.
Estereotipias motoras
Quando o bebê balança as mãos, bate os braços, gira objetos ou alinha brinquedos repetidamente, ele pode estar demonstrando padrões motores estereotipados. Esses comportamentos ocorrem com frequência no espectro e exigem atenção quanto à sua repetição e ao contexto em que acontecem.
Ausência de sorrisos sociais
Espera-se que o bebê sorria espontaneamente ao ver um rosto familiar, como o da mãe ou do pai. A falta desse tipo de sorriso — especialmente em momentos de interação — pode sinalizar dificuldades na comunicação afetiva e social.
Aparente alheamento ao ambiente
Alguns bebês com autismo podem parecer desinteressados nas pessoas ao redor. Mesmo diante de estímulos afetivos ou sociais, como brincadeiras e conversas, demonstram pouco envolvimento ou iniciativa de contato, o que pode gerar a impressão de estarem “desconectados”.
Reações incomuns a estímulos sensoriais
O bebê costuma reagir de forma exagerada ou muito reduzida a sons, toques e cheiros. Por exemplo, ele pode chorar intensamente ao ouvir ruídos baixos, evitar o contato físico ou, ao contrário, buscar estímulos sensoriais de maneira repetitiva e atípica.
Regressão de habilidades já adquiridas
A perda de comportamentos que o bebê já havia desenvolvido, como balbuciar, sorrir ou usar gestos de comunicação, representa um sinal de alerta importante. Essa regressão é considerada um dos sinais mais relevantes e exige avaliação imediata.
É fundamental compreender que nem todos esses sinais estarão presentes em todos os casos. O que deve acender o alerta é a frequência, a intensidade e o prejuízo desses comportamentos ao longo do tempo. Ao notar qualquer combinação desses sinais, os responsáveis devem procurar orientação especializada o quanto antes.
O que fazer após a suspeita?
Ao perceber qualquer sinal que fuja do esperado, o mais importante é não adiar a busca por ajuda. Muitas famílias acabam esperando a criança entrar na escola ou acreditam que é “só uma fase”, mas quando falamos de desenvolvimento infantil, cada dia faz diferença. A intervenção precoce é uma das formas mais eficazes de estimular o crescimento saudável e as habilidades da criança desde cedo.
Por isso, pais e cuidadores devem compartilhar suas observações com o pediatra ou com outro profissional da saúde infantil. Gravar vídeos simples da rotina — como o bebê sendo chamado pelo nome ou durante momentos de brincadeira — pode ser muito útil para a avaliação. Além disso, utilizar listas de verificação baseadas nos marcos do desenvolvimento, ajuda a organizar melhor os sinais percebidos no dia a dia.
Mesmo que o bebê ainda não tenha um diagnóstico fechado, é possível — e altamente indicado — começar o acompanhamento terapêutico o quanto antes. Abordagens como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), a fonoaudiologia e a terapia ocupacional já podem ser iniciadas com base em uma avaliação profissional, mesmo sem um laudo definitivo.
Essa intervenção precoce é fundamental para estimular habilidades essenciais, como a comunicação, a interação social e a autonomia. Além disso, o acompanhamento oferece às famílias suporte emocional e orientação prática, ajudando a lidar com os desafios do dia a dia de maneira mais tranquila e segura. Nesse processo, a presença de uma rede de apoio é tão importante quanto o próprio tratamento.
Existe diagnóstico de autismo para bebês?
Embora o diagnóstico oficial do Transtorno do Espectro Autista (TEA) geralmente aconteça por volta dos dois anos de idade, já é possível perceber sinais importantes do autismo em bebês ainda no primeiro ano de vida. Nos últimos anos, a ciência tem avançado bastante no desenvolvimento de instrumentos e protocolos que ajudam a identificar riscos precocemente, com base no que é esperado para cada fase do desenvolvimento.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que os profissionais avaliem todas as crianças quanto a possíveis atrasos nos marcos do desenvolvimento aos 9, 18 e 24 meses. No Brasil, a Lei 13.438/2017 determina que pediatras usem ferramentas padronizadas, como o M-CHAT, para rastrear sinais de autismo em bebês com até 18 meses. Essas ferramentas facilitam o encaminhamento para avaliações mais específicas e permitem que o cuidado comece o quanto antes.
O diagnóstico do autismo em bebês deve ser feito por uma equipe especializada. Normalmente, esse processo é conduzido por neurologistas infantis (neuropediatras) e psiquiatras infantis, profissionais com formação para avaliar o desenvolvimento neurológico e comportamental. Outros especialistas também podem estar envolvidos, como psicólogos clínicos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos e equipes interdisciplinares.
Se você identificou alguns dos sinais descritos neste artigo e está em dúvida sobre o desenvolvimento do seu bebê, saiba que não está sozinho. O Grupo Conduzir conta com um setor especializado em intervenção precoce, preparado para orientar e acompanhar famílias desde os primeiros passos. Entre em contato agora mesmo pela página de contato e saiba como podemos ajudar.