Autocuidado e rede de apoio para mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Autocuidado e rede de apoio para mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

  • Grupo Conduzir admin
  • 11 de fevereiro de 2022
  • Blog

Quando falamos de maternidade e paternidade, além das experiências de vida de cada um de nós, podemos encontrar diversos livros e materiais de apoio na internet para nos prepararmos para vivenciar o momento da chegada de um filho.

No entanto, não existe uma receita pronta e prática para esse momento, que costuma ser o mais significativo na vida de uma pessoa. Cada um conduz da melhor forma possível.

Nem sempre se pode diagnosticar o TEA em uma criança recém-nascida, pois depende do nível do transtorno (que pode ser leve, moderado ou severo).

Alguns casos obtêm um diagnóstico rapidamente, porém existem outros casos em que, devido ao nível, os diagnósticos acabam sendo mais demorados.

Ao longo do processo de descoberta do transtorno, muitos pais passam por diversas situações bastante difíceis. Atualmente, os pais e familiares até encontram com mais facilidade informação e conhecimento sobre o TEA, o que os auxilia bastante. No entanto, o conhecimento acaba por não ser suficiente para aliviar as dificuldades e desafios que uma criança com o transtorno traz para a vida desses pais.

Segundo Christmann et al. (2017), existem pesquisas indicando que o diagnóstico de TEA pode gerar uma fonte de estresse para os pais. Pesquisadores de diferentes localidades identificam estresse grave em famílias que possuem um membro com diagnóstico de autismo. Cuidar de quem cuida é de suma importância e urgente.

Christmann et al. (2017) identificaram que mães, de alguma forma, apresentam níveis mais elevados de estresse em comparação com os pais de crianças com este diagnóstico de TEA. Ou seja, em uma sociedade que ainda se mostra profundamente patriarcal, na qual o papel da mulher ainda é, principalmente, o de “cuidar da casa e dos filhos” (seja exclusivamente ou além do trabalho remunerado), a sobrecarga é ainda maior para as mães de crianças que apresentam o transtorno. Sendo assim, é fundamental que essas mães busquem e encontrem o apoio que precisam para superar os desafios da criação de uma criança com TEA.

Alguns dos modos de maior cuidado e apoio aos pais (principalmente as mães), citados por Damaceno (2021), são:

● Buscar uma rede de apoio. Terapia em grupo ou grupo de apoio específico voltado para as mães com filhos com TEA oferecerá acolhimento.

● Buscar um suporte dentro do processo de psicoterapia. Esse trabalho visa desenvolver um repertório comportamental para lidar com vivências diárias, por meio do autoconhecimento. É um espaço para poder se comunicar em um ambiente neutro, sem julgamento, no qual, aos poucos, podem ser trabalhados o fortalecimento e a autoestima. Um gesto de autocuidado pode gerar um grande diferencial na vida dessas mães.

● Buscar o máximo de informações sobre as características do TEA. Ter um maior conhecimento sobre o transtorno, sobre qual o melhor e mais adequado tratamento para seu filho, pode ajudar com as expectativas. É importante buscar por profissionais especializados no assunto, como psiquiatras, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros.

● Buscar manter o convívio familiar e social. Manter esse convívio é um processo que também pode ser de grande benefício para a mãe e para o filho. Os familiares, às vezes, não possuem habilidades para lidar com as situações, contudo, quanto maior o convívio, mais poderão auxiliar em determinados momentos em que a mãe precisa de ajuda sem gerar um distanciamento social da criança.

● Criar e modificar uma rotina sempre que necessário. Ter uma rotina estruturada vai auxiliar na previsibilidade diante das atividades diárias, gerando maior segurança. Sempre que necessário e possível, essa rotina pode ser adaptada, buscando incluir atividades que agreguem benefícios, como exercícios físicos, mudanças com a alimentação, momentos livres para um tempo de descanso, uma melhor qualidade de sono e, se possível, a inclusão da prática de alguns hobbies, visando o bem-estar.

● Dividir a vivência com o pai da criança. Trazer o pai mais próximo dessa realidade da criação de uma criança com TEA, pedir ajuda sempre que possível, compartilhar seus sentimentos e conhecimentos sobre o transtorno.
Os desafios são muitos na criação de crianças com TEA, mas o importante é que essas mães olhem e cuidem de si mesmas com o mesmo amor e empenho que dedicam a seus filhos. Vocês não estão sozinhas.

Referências:
Christmann, M., Marques, M, A. A., Rocha, M. M., & Carreiro, L. R. R. (2017). Estresse materno e necessidade de cuidado dos filhos com TEA na perspectiva das mães. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 17(2), 8-17.

Damaceno, T. V. (2021, 18 de abril). O cuidar de quem cuida: traços da realidade dos protagonistas do Autismo. https://spsicologos.com/2021/04/18/o-cuidar-de-quem-cuida-tracos-da-realidade-dos-protagonistas-do-autismo/

 

Por Sheyla Leme, Supervisora

 

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.