Por Alice Casimiro (@alice_neurodiversa).

Para mim, ser autista é estar em modo alerta constantemente pela imprevisibilidade do mundo, mas ser cobrado para ficar calmo e se comportar igual a quem não passa por isso.

Ser autista também é como ser um peixinho num mundo de ursos, no qual a sociedade te avalia sobre o quão bem você consegue escalar uma árvore e não liga para sua habilidade de nadar.

É também ter que participar de uma peça cheia de regras, mas sem nunca ter recebido o roteiro nem nenhuma explicação antes de começar.

Ser autista é ter um corpo que nem sempre te obedece ou se conecta bem com seu cérebro, e ter as reações dessas dificuldades internas interpretadas como problemas de comportamento.

Ser autista significa desafiar o status quo sem nunca saber se vão achar isso bom ou ruim.

É se tornar mero alívio cômico, fonte de inspiração para pessoas sem deficiência se sentirem bem consigo mesmas ou alvo de caridade, sem ser levado a sério como um ser humano com seus próprios desejos, sentimentos e aspirações.

Ser autista é ter que provar a todo momento que você é capaz para pessoas que não conseguem te entender e, por isso, te julgam incapaz.

Ser autista é muitas coisas, mas entre elas, é uma parte de quem eu sou e quem sempre vou ser. Preciso viver em paz com isso ou simplesmente não viverei.