Habilidades Básicas para o processo de leitura por equivalência de estímulos

Habilidades Básicas para o processo de leitura por equivalência de estímulos

  • Grupo Conduzir admin
  • 24 de junho de 2022
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As habilidades de leitura e escrita apresentam funções importantes na vida de qualquer indivíduo e, ainda que pareçam muito naturais para qualquer leitor proficiente, essas habilidades são complexas e exigem do aprendiz uma série de requisitos. 

No caso de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, para que o processo de alfabetização ocorra, é muito importante que haja uma avaliação prévia cuidadosa de alguns critérios. 

  No caso do ensino de leitura por equivalência, a literatura (Gomes, 2015) tem nos mostrado que existem algumas habilidades mínimas que as pessoas com autismo precisam apresentar antes do início do ensino. Citaremos algumas delas e explicaremos sobre a importância de cada uma nesse processo. Caso o educando não apresentar esses requisitos, é necessário começar a ensiná-los antes do ensino de habilidades de leitura. 

1-Sentar e finalizar atividades simples

Embora muitos possam dizer que uma pessoa consegue ler mesmo estando de pé, permanecer sentado é uma habilidade requerida em diversas situações e que poderá inclusive facilitar o manejo do educador com o aprendiz. 

A escola exige essa habilidade boa parte do tempo, o que pode ser difícil para uma criança com TEA. Uma maneira de treinar esse tipo de comportamento é iniciar por atividades bem simples, que necessitam de pouco tempo para serem realizadas, e ir aumentando a complexidade delas gradativamente. Outra possibilidade é, de maneira sistemática, colocar a resposta de sentar-se à mesa contingente ao acesso a um objeto favorito da criança, continuando o procedimento até que ela consiga permanecer sentada por 20 a 30 minutos. 

2-Emparelhar palavras impressas

Atividades de emparelhamento com modelo são recursos importantes para o ensino de relações entre estímulos, incluindo relações de identidade, o que é essencial para a leitura por equivalência.  Quando o aprendiz consegue relacionar estímulos que são idênticos, ele simultaneamente demonstra que discrimina entre estímulos diferentes; essa é uma habilidade fundamental para a leitura, já que para ler é necessário que o aprendiz perceba que palavras escritas são diferentes uma das outras.  Por exemplo, se o aprendiz não percebe a diferença entre BOLA e BOLO, ele não será capaz de ler essas palavras corretamente. 

Vale destacar que, para um aprendiz que não é capaz de emparelhar palavras impressas, é recomendável começar com emparelhamento entre figuras e posteriormente passar para as palavras impressas. 

 3-Nomeação de figuras e vogais

A nomeação de figuras tem sido apontada em alguns estudos com participantes com autismo como uma variável importante para a formação de classes de estímulos equivalentes (Gomes et al., 2010), o que pode estar relacionada também à leitura com compreensão. De maneira bem simplificada, se o aprendiz consegue nomear a palavra impressa BOLA (ler oralmente a palavra), mas não consegue nomear a figura de uma bola, possivelmente ele não fará a relação entre a palavra impressa BOLA e figura da bola, indicando que ele lê oralmente sem compreensão. 

Para os aprendizes que não falam, leitura é uma habilidade difícil de ser aprendida, mesmo com o uso de recursos de comunicação alternativa. Por isso costuma haver uma limitação na aquisição de leitura oral por essas pessoas. 

Pode-se perceber que leitura é uma habilidade complexa que envolve uma série de aspectos e etapas que devem ser ensinados um a um e em pequenos passos. O ensino desses passos deve ser gradativo e sistemático, começando desde as habilidades mais simples até as mais complexas. No caso da criança com autismo, é recomendável que esse processo ocorra precocemente (entre 4 e 5 anos), antes das crianças típicas (sem autismo) de mesma idade.  Tal estratégia reside na lógica que, se a criança com autismo apresentar dificuldades nesse processo, ela terá mais tempo para aprender. 

Referências

Gomes,C.G. (2015). Ensino de leitura para pessoas com autismo. Appris.

Gomes, C.G, Varella, A.A., & De Souza, D.G. (2010). Equivalência de estímulos e autismo: uma revisão de estudos empíricos. Psicologia Teoria e Pesquisa, 4, p.729-737. 

 

Karen Marconato: Coordenadora do Setor ABA Educação.

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.