Mudança familiar após o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Mudança familiar após o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

  • Grupo Conduzir admin
  • 10 de junho de 2022
  • Blog

Toda chegada de um filho na família gera mudanças significativas. Mudanças como a rotina, a vida financeira e o emocional da família como um todo. Ainda que algumas famílias consigam fazer um planejamento, nem sempre tudo sai conforme às expectativas. 

Sempre há expectativas de como será a chegada do filho em seus primeiros dias, semanas e anos de vida. No entanto, quando a família observa algumas características não esperadas na criança, busca um profissional da saúde e nesse momento pode se deparar com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Iniciam-se então as mudanças no meio familiar. 

O autismo, também conhecido como o Transtorno do Espectro Autista, é definido como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento motor e neurológico, dificultando a cognição, comunicação e a interação social (Pinto et al., 2016). Portanto, é um contexto que desencadeia mudanças na vida familiar devido às necessidades de um acompanhamento da criança para obter um melhor desenvolvimento, mudando a rotina diária e havendo necessidade de readaptação no meio familiar.

Conforme Pinto et al. (2016), a família frequentemente passa por uma sequência emocional envolvendo etapas como o impacto do diagnóstico, negação, luto pelas expectativas, dúvidas e preocupações.

Alguns casos obtêm um diagnóstico rapidamente, porém existem outros que, devido ao grau, acabam sendo mais demorados para diagnosticar. Dentro desse processo de descoberta do transtorno, muitos pais passam por diversas situações difíceis.

Segundo Pinto et al. (2016), o diagnóstico de uma criança ocasiona uma nova realidade para a família, especialmente na vida dos pais, gerando a necessidade de modificações e adaptações pessoais, na rotina e nas relações familiares como modo de suprir as necessidades da criança. 

Alguns pais relatam o quanto suas vidas mudaram, o quanto foram necessárias adaptações constantes no meio familiar, gerando comparações de como suas vidas eram antes e depois do diagnóstico. 

Há também mudanças no casamento, gerando momentos difíceis e conflituosos para o casal, como brigas, às vezes devido à falta de suporte e divisão de responsabilidades entre ambos. Divergências sobre o modo de interação e educação da criança também acarretam outras brigas entre o casal. Às vezes até a forma de comunicação do casal muda, como também mudam a atenção e a afetividade por parte de um ou dos dois na relação. Alguns, diante desses dilemas, buscam ajuda de profissionais da saúde mental para de alguma forma auxiliar ou amenizar as dificuldades que surgem. 

Outro impacto que pode ocorrer em algumas famílias é sobre o irmão/irmã da criança diagnosticada. Muitas vezes a criança com TEA demanda mais cuidados do que os demais filhos, fazendo com que estes últimos percebam uma diferença no tratamento do pais e então variem de comportamento em busca de obter mais atenção. Por uma questão de recursos limitados e o contraste entre a criança com TEA que demanda mais atenção e as demais que possuem maior autonomia, os pais nem sempre conseguem dar suporte suficiente para os outros filhos.   

Com isso é necessário mais diálogo para a construção de um meio familiar mais sólido, visando bem-estar e qualidade de vida para todos. A mera aceitação da criança com TEA de algum modo pode minimizar o impacto do diagnóstico e permitir com que as relações familiares se tornem mais fortes, tanto entre os pais quanto com relação aos demais irmãos (Pinto et al., 2016). 

A mudança familiar após o diagnóstico de TEA existe e gera desafios para criação de crianças com TEA. É importante que se fortaleçam os vínculos na família e que seus membros se auxiliem, buscando mais qualidade de vida e bem-estar para todos. 

Referência: 

Pinto, R. N. M., Torquato, I. M. B., Collet, N., Reichert, A. P. S., Neto, V. S. N. & Saraiva, A. M. (2016). Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem 37(3). https://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61572

 

Por Sheyla Leme, Supervisora

 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.