Todas as crianças criam expectativas para as férias. Com as crianças autistas, não costuma ser diferente, principalmente quando existe uma viagem programada.

Há formas diferentes de orientar e envolver a criança em todo o planejamento dessa viagem, considerando o nível de suporte do qual ela precisa. O objetivo é incluí-la no processo e norteá-la em relação às programações.

Histórias sociais com imagens do destino e trajeto; calendário divertido com figuras de comunicação alternativa; participação na arrumação das malas, narrando as roupas adequadas para o destino (para praia – biquíni ou sunga; para a neve – luvas, gorros, cachecóis); fotos das pessoas que irão na viagem ou que participarão das atividades propostas – todas são ferramentas muito eficientes de comunicação e norteamento.

Para os responsáveis pela criança autista, é fundamental ter, além dos documentos necessários para embarque em avião ou ônibus, um laudo atualizado em mãos ou a carteirinha da lei Romeu Mion. Isso ajuda a garantir os direitos da criança, assim como a liberação do uso da máscara em épocas pandêmicas, caso haja necessidade.

Como mãe de uma criança autista, infelizmente me preparo para a não inclusão, uma vez que ainda há muito despreparo por parte de prestadores de serviços. Por isso, quanto mais munida de documentos e laudos, melhor.
Bom seria se a inclusão fosse efetivamente uma realidade coletiva, mas não é. Para isso existem as leis.

Tenho sempre em mente que o autismo é uma realidade na minha casa, no meu convívio familiar, e que isso pode não fazer parte do universo do outro. Nem sempre as pessoas são preconceituosas – algumas vezes são apenas ignorantes no assunto, e tento explicar calmamente sobre as necessidades e direitos dos indivíduos com autismo. Na maioria das vezes, lidei com pessoas receptivas e dispostas, principalmente quando estou munida de documentos.

Toda criança tem direito ao lazer e de formar memórias afetivas.
Viajar com crianças autistas é também uma forma de ampliar o universo delas, assim como enriquecer o repertório e dá-las a chance de viver novas e incríveis experiências.

Michelle Carvalho, mãe do Enzo 💙 

*O Grupo Conduzir declara que os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos publicados refletem a opinião dos autores.